A Mercedes viu você olhando para outros esportivos. Ela sabe que você andou desejando outras alemãs. E não quer que isso aconteça de novo. Ela se esforçou, dedicou muito tempo e criou o carro com o qual você vai querer casar, o AMG GT.
Um esportivo para um comprimetimento desses não é fácil. No geral, a regra costuma ser: ou é bom de rua, ou é bom de pista. Claro que sempre há a esperança de converter aquele modelo rebelde e selvagem em um carro domado para a vida monótona do dia a dia. Mas a gente sabe que isso não acontece. Assim como esperar que um modelo urbano vire um selvagem do asfalto quando está em um autódromo. É um convite para a infidelidade automotiva. Mas, ao que tudo indica, a Mercedes conseguiu resolver isso. E só precisou dar espaço para a AMG fazer o que sabe.
O GT é o segundo produto desenvolvido inteiramente pela AMG (o primeiro foi o SLS, em 2010), que deixou de ser uma subdivisão para se tornar uma marca oficial. Pode chamar de Mercedes-AMG, e a sua missão é fazer superesportivos, mas não torná-los insustentáveis para o uso diário. Nada da paixão pouco prática dos italianos ou da megalomania descontrolada dos americanos. O GT é um carro com DNA pragmático alemão, dentro e fora das pistas.
Mercedes-AMG GT (Foto: Mercedes-Benz)
O visual já diz muito disso. Ao invés de ir atrás de referências modernas e novos paradigmas, a AMG decidiu ir fundo na história da própria Mercedes-Benz para sacar delas as muitas inspirações aplicadas no GT. A dianteira generosa descende dos Flecha de Prata, com grade e lanternas que mesclam o novo estilo Mercedes com os esportivos AMG. A traseira tem caimento quase arredondado, de estilo minimalista que prioriza a veia esportiva, com aerofólio recolhível, luzes estreitas e duas saídas de escapamento (grandes!). É daqueles que o motorista do outro carro não imagina do que é capaz quando está parado atrás de você no trânsito. Até o semáforo ficar verde.
O design é um bom indicativo de todos os equilíbrios do GT. Conceituais e literais. A carroceria usa alumínio e fibra de carbono. A tração é traseira. O motor V8 fica à frente, com sistema trans-eixo (que faz vezes de transmissão e diferencial) de câmbio automatizado de dupla embreagem montado sobre o eixo traseiro. Assim, 47% do peso está na dianteira, e os 53% restantes ficam na traseira. O equilíbrio permite muito dinamismo e versatilidade ao GT, que roda sempre perto do chão.
Mercedes-AMG GT (Foto: Mercedes-Benz)
O motorista fica muito bem posicionado ao centro do carro. Mesmo com a traseira pouco visível pelo retrovisor e a dianteira espantosamente alta e longa, virar esquinas e parar em vagas na rua não são tarefas tão ingratas quanto podem parecer. Tudo prático. Até mesmo as tão admiradas asas de gaivota foram embora por conta disso. Ficam bonitas na foto, mas péssimas na hora de sair do carro em um estacionamento de shopping. O GT tem auxílio de câmera dianteira e traseira, exibidas na tela central nos momentos das manobras. Ruins, mesmo, só os retrovisores externos, que priorizaram tanto a aerodinâmica que quase não mostram o que se passa nas proximidades.
Tudo isso, você deve pensar, é pragmático demais. Casamento tem precisa de mais. Precisa de paixão. Ah, isso é fácil de resolver. É só pisar no acelerador quando o semáforo ficar verde. Sua reação será a mesma do motorista lá do quarto parágrafo. Dotado de sistema Eco que desliga o motor nas paradas longas para economizar combustível, o motor 4.0 de 510 cv e 66,2 kgfm da versão GT S não sabe ser discreto. Basta tirar o pé do freio para ele roncar alto (muito alto!) e mostrar que acordou. Aí é pisar no acelerador para o seu ronco dominar toda a viagem. Mesmo que seja só até o próximo semáforo. É paixão à primeira ouvida.
Mercedes-AMG GT (Foto: Mercedes-Benz)
Na estrada, em direção à pista, o motorista pode abandonar o modo Eco e selecionar uma das opções mais agressivas disponíveis no seletor posicionado no console central: Comfort, Sport, Sport+ e Race. Esta última desliga os auxílios eletrônicos e revela tudo do que o GT S é capaz. Na pista, isso significa a medida certa de saídas de traseira nas curvas e trocas de marcha feitas manualmente, através das borboletas que ficam atrás do volante. O motorista/piloto pode optar por configurar algumas características diretamente por botões, como o controle de estabilidade, as suspensões e até mesmo o volume do ronco do escapamento, que, acredite, ainda pode ficar muito (muito mais!) alto.
Mas o motorista/piloto também pode optar por configurar algumas características diretamente através dos botões, como o controle de estabilidade, as suspensões mais duras e até mesmo o volume do ronco do escapamento, que, acredite, ainda pode ficar muito (muito mais!) alto.
E mesmo na pista, o GT continua confortável. O volante tem pegada ergonômica, o banco é altamentae ajustável e o sistema de ar-condicionado conta com seis saídas direcionais, o que é até meio absurdo para um carro de dois lugares. A não ser que você queira recriar o clima do inverno da Bavária durante um passeio de verão no Rio de Janeiro. A tela multimídia simula um tablet encaixado no painel. O senão fica por conta da falta de sistema touch, que faz falta, já que o novo seletor de funções da Mercedes peca em intuitividade. Nada que sacrifique o casamento, já que a perfeição é que na maioria das vezes tira a graça das coisas.
Então a Mercedes-AMG criou o carro de rua perfeito para as pistas. Ou o carro de corrida ideal para o dia a dia. Seja como for, é para casar. Há quem acredite que o amor verdadeiro não custa nada. A Mercedes discorda. Por isso mesmo, o GT deve chegar por aqui no segundo trimestre por cerca de R$ 800 mil.
Mercedes-AMG GT (Foto: Mercedes-AMG)

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